O que é que haverá nos amores trágicos? Porque é que nos cativam tanto? Amores de perdição... Ainda me lembro da primeira vez que li o «Eurico, O Presbítero» e da sensação de fascínio horrorizado em que me deixou aquele final arrepiante... A Hermengarda enlouquecida por pensar o Eurico morto...
As histórias trágicas colam-se-nos ao corpo.
Ocasionalmente, mergulhamos em amores insanes com o único objectivo de nos deixarmos, por uns tempos, morrer de amor. Aí é bom. Saboreia-se a existência na ponta da língua, corre-se os dedos pelo fio da navalha, vive-se o tempo segundo a segundo, gota-a-gota, como se estivesse tudo suspenso. E depois, a uma palavra, um gesto, um toque da pessoa amada, o tempo acelera vertiginosamente, como um carrossel enlouquecido!
Para o Aristóteles, a Tragédia pretendia suprir a necessidade humana de sofrimento (pathos). Para atingir este objectivo havia dois caminhos: provocar a compaixão (eleos) com as personagens que sofrem, ou o terror (phobos) mediante a identificação com as personagens que sofrem. No caso dos amores trágicos, se eu vejo outro sofrer eu sinto compaixão, mas se eu me revejo nesse amante em sofrimento eu sinto aquele agridoce do amor, aquela loucura, como se fosse eu o amante! Nem que seja apenas enquanto seguro o livro...
Amores trágicos: eco e narciso, eurico e hermengarda, orfeu e eurídice, romeu e julieta - não há momento mais trágico em toda a ficção do que o momento em que a Julieta desperta ao lado do corpo sem vida (e ainda quente!) do seu Romeu amado, que se suicidara ao pensá-la morta...
Eco e Narciso: o amor rejeitado que leva o amante a consumir-se na dor...
Eurico e Hermengarda: o amor vencido pelos obstáculos da vida que leva os dois amantes a serem destroçados por ele...
Orfeu e Eurídice: o amor vencido pelo tempo e pelas fraquezas humanas...
Romeu e Julieta: o amor vencido pela desventura, pelo universo caótico...
Cada um escolha o seu amor trágico preferido. Os meus são o «Romeu e Julieta» em primeiro lugar, o «Eurico e Hermengarda» em segundo lugar, o «Narciso e Eco» em terceiro lugar e, por último, o «Orfeu e Eurídice».
Ainda há outro: o «Fausto e a Margarida» - mas é engano, é luxúria e medo da morte, é mergulho nas profundezas. O Fausto já é velho quando se apaixona pela Margarida, pelo que vende a alma a Mefistófeles em troca da juventude. É a morte (velhice) a desejar a vida (juventude).
Melhor que isto tudo, ainda é o amor que dá fruto, que não termina com a loucura, dissolução, morte ou perversão dos amantes!
As histórias trágicas colam-se-nos ao corpo.
Ocasionalmente, mergulhamos em amores insanes com o único objectivo de nos deixarmos, por uns tempos, morrer de amor. Aí é bom. Saboreia-se a existência na ponta da língua, corre-se os dedos pelo fio da navalha, vive-se o tempo segundo a segundo, gota-a-gota, como se estivesse tudo suspenso. E depois, a uma palavra, um gesto, um toque da pessoa amada, o tempo acelera vertiginosamente, como um carrossel enlouquecido!
Para o Aristóteles, a Tragédia pretendia suprir a necessidade humana de sofrimento (pathos). Para atingir este objectivo havia dois caminhos: provocar a compaixão (eleos) com as personagens que sofrem, ou o terror (phobos) mediante a identificação com as personagens que sofrem. No caso dos amores trágicos, se eu vejo outro sofrer eu sinto compaixão, mas se eu me revejo nesse amante em sofrimento eu sinto aquele agridoce do amor, aquela loucura, como se fosse eu o amante! Nem que seja apenas enquanto seguro o livro...
Amores trágicos: eco e narciso, eurico e hermengarda, orfeu e eurídice, romeu e julieta - não há momento mais trágico em toda a ficção do que o momento em que a Julieta desperta ao lado do corpo sem vida (e ainda quente!) do seu Romeu amado, que se suicidara ao pensá-la morta...
Eco e Narciso: o amor rejeitado que leva o amante a consumir-se na dor...
Eurico e Hermengarda: o amor vencido pelos obstáculos da vida que leva os dois amantes a serem destroçados por ele...
Orfeu e Eurídice: o amor vencido pelo tempo e pelas fraquezas humanas...
Romeu e Julieta: o amor vencido pela desventura, pelo universo caótico...
Cada um escolha o seu amor trágico preferido. Os meus são o «Romeu e Julieta» em primeiro lugar, o «Eurico e Hermengarda» em segundo lugar, o «Narciso e Eco» em terceiro lugar e, por último, o «Orfeu e Eurídice».
Ainda há outro: o «Fausto e a Margarida» - mas é engano, é luxúria e medo da morte, é mergulho nas profundezas. O Fausto já é velho quando se apaixona pela Margarida, pelo que vende a alma a Mefistófeles em troca da juventude. É a morte (velhice) a desejar a vida (juventude).
Melhor que isto tudo, ainda é o amor que dá fruto, que não termina com a loucura, dissolução, morte ou perversão dos amantes!
6 comentários:
A minha preferida é do Pigmaleão e Galateia! É uma história trágica mas os Deuses deram tréguas e Galateia ganhou vida para o amor de Pigmaleão.
hummm... se calhar gostamos porque não vemos a fase da decadência, sei lá...
adoro beijos
adoro a fase dos beijos
meu preferido é Werther e Charlotte (Os sofrimentos do jovem Werther, Goethe).
tem ainda: Páris e Helena (terminaram juntos, não né?), Tristão e Isolda, .., eu e minha sweetheart, enfim..
Infelizmente, Páris morreu na guerra de Tróia. Quando Menelau voltou para matar Helena, ela deixou deslizar o vestido para o chão... Ele ficou assombrado ao ver tanta beleza e até deixou cair a espada!
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