O ano passado saiu um livro que continha as últimas palavras de várias pessoas famosas. Estive a ver devagarinho e era estranho. Os que mais me tocaram foram estes três.
O primeiro, não me lembro de quem era, disse "Já me sinto muito melhor!", e morreu.
O segundo, era o Pancho Villa, disse: "Não me deixes morrer assim, diz-lhes que eu disse alguma coisa!" e morreu.
O último era o Goethe. À medida que a morte se aproximava ouviram-no a dizer: "Luz! Luz! Mais LUZ!" e morreu.
O primeiro ficou-me porque me fez pensar que, de facto, não sabemos nunca a hora, nem o dia. Há uma parábola da Bíblia que diz «Vigiai e orai, que não sabeis a hora nem o dia!» e acho que é mesmo isso. Pode ser já, pode ser daqui a muito tempo. Não nos podemos dar ao luxo de viver mentiras ou perder tempo com coisas que não nos interessam. Por isso é que dá cabo de mim ver as pessoas na cidade, com as suas caras cinzentas, todas a marcar passo e a fazer o que não querem fazer...
O segundo fez-me sorrir da nossa patetice que nos faz dar tanta importância a coisas tão ridículas! A nossa impressão de que somos muito importantes. A nossa recusa do abismo. Eu não digo que aceitar o abismo seja tarefa fácil! Digo que é preciso pelo menos olhar na direcção dele e procurar ver o que lá está e se é, ou não, abismo.
O último maravilha-me. Gostava de dizer algo do género. Luz ou água a reflectir luz. Água a reflectir luz e a cair sem parar, como chuva no verão... Morrer assim é evaporar. Morrer assim é voltar para o coração cósmico de onde viemos.
1 comentário:
o epicuro escreveu uma carta ao dia em que morreu , a dizer, hoje vou morrer este é o dia mais feliz da minha vida. o que é espantoso.
o goethe acho que é meio lendário essa da luz mais luz, acho que é um hoax mas que ficou como sendo realidade.
os sognos também são hoaxes. são boatos infundados.
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