quarta-feira, julho 12, 2006

Uma grande onda



O Mar é o todo. Vamos navegando nas nossas frágeis cascas de noz, tentando fugir à próxima grande onda, evitando o desfecho que pensamos garantido.

Só que fomos feitos para isso: para ir persistindo, para sobreviver a todo o custo, lutar.

E quando se ergue uma grande onda, tão grande que obscurece os céus, e se prepara para nos engolir a todos de uma só vez, quando vemos por instantes a fragilidade da nossa ousadia de existir, quando acreditamos realmente que tudo vai acabar ali, é então que entrevemos ao longe, na linha do horizonte, a ilha perdida que procurávamos e sentimos o cheiro fresco das flores que crescem no sopé da montanha.

quinta-feira, julho 06, 2006

Não

Não consigo entender.
Não consigo entender a violência do que sentes.

Não o vejo, não vejo nada aí. Para onde me levas?
Não entendo.

Não sei se falo contigo ou se estou sozinho.
Não sei quem és.

Não sei se não vou voltar já para trás.

Não dizes nada?
Não vais ficar só assim, a olhar para mim, pois não?
Não me queres dizer ao menos se és quem eu penso que és?

Não andes tão depressa...
Não quero ficar aqui sozinho.
Não, aqui não.

Não sei há quanto tempo estamos nisto...
Não sei se houve alguma vez outra coisa,
não estivemos sempre aqui perdidos?

Não me dás a mão?
Não consigo ver nada.

Não te consigo ver.
Não te foste embora, pois não?

Não sinto o corpo.

Não sinto nada.

Não.