quarta-feira, julho 12, 2006

Uma grande onda



O Mar é o todo. Vamos navegando nas nossas frágeis cascas de noz, tentando fugir à próxima grande onda, evitando o desfecho que pensamos garantido.

Só que fomos feitos para isso: para ir persistindo, para sobreviver a todo o custo, lutar.

E quando se ergue uma grande onda, tão grande que obscurece os céus, e se prepara para nos engolir a todos de uma só vez, quando vemos por instantes a fragilidade da nossa ousadia de existir, quando acreditamos realmente que tudo vai acabar ali, é então que entrevemos ao longe, na linha do horizonte, a ilha perdida que procurávamos e sentimos o cheiro fresco das flores que crescem no sopé da montanha.

2 comentários:

Anónimo disse...

Fiz uma pesquisa em busca da figura do quadro de Botticelli "A Calúnia" e acabei encontrando seu blog e percebi que cometeu algumas gafes no que escreveu sobre o quadro.
O quadro de Botticelli chama-se somente "A Calúnia", Apeles foi um dos mais ilústres pintores gregos do séc IV a.C; pintou o retrato de Alexandre Magno da Macedônia, em cuja corte viveu, mas suas obras se perderam e são conhecidas apenas através de referências ou descrições."A calúnia" é uma recriação de um de seus quadros descrito por Luciano, escritor grego, (125-192). Apeles, portanto, não é a figura central da pintura que na verdade é a Inocência.
E só pra acrescentar: o juiz é Midas, legendário rei da antiga Frígia, centro da Ásia Menor, que recebeu do deus Baco o poder de transformar em ouro tudo que tocasse.

Acredito que sendo admirador do conhecimento não se constrangerá com as observações que fiz acima. Mas de qualquer forma peço desculpas se fui inconveniente!

anoeee disse...

Olá! É verdade que o quadro se chama "A Calúnia", mas como o original seria de Apeles é conhecido como "A Calúnia" de Apeles. Apeles foi injustamente caluniado por um artista rival e, após ter conseguido provar a sua inocência, pintou este quadro como tentativa de libertação da sua raiva. Assim, a figura central representaria o próprio Apeles. Claro que, como na pintura deste género as figuras são sempre alegóricas, aqui é a Inocência a ter o papel central, exactamente como mencionou.

Nós, com a nossa sede de individualismo, precisamos de caras e nomes concretos nas histórias. Daí a referência directa ao julgamento do pintor Apeles. Obviamente foi uma referência pouco clara e mal sucedida. Obrigado pelas indicações (não fazia ideia que o juiz era o Midas!). Não achei nada inconveniente.