Satanael, de Satan "o acusador" e El "Deus", é o acusador ou o opositor de Deus. A lenda diz que a criatura usava uma coroa que tinha uma bela esmeralda ao centro. Um dia, ao ver que a esmeralda caía dos céus, precipitou-se atrás dela para nunca mais voltar.
A esmeralda, caída na terra, teria dado origem a um cálice. Quem bebesse desse cálice ficaria de imediato iluminado pela sabedoria divina.
Assim, a esmeralda é o símbolo da Gnose, isto é, da sabedoria divina que nos aproximará de Deus, que foi o que Satanael perdeu. O cálice que dá a sabedoria divina é conhecido como Graal.
A ligação do cálice a Cristo é imediata: também Cristo dava a sabedoria divina a quem bebesse as suas palavras. O acto simbólico de José de Arimateia lhe dar a beber a ele, Filho de Deus, do cálice da sabedoria divina pouco antes da sua morte, é um acto de transferência. É como se esse último beijo de Cristo impregnasse o cálice de toda a sabedoria que o animava.
Não é de estranhar que Cristo seja chamado de lapis ou "pedra" nas encantações dos alquimistas, pois "visita o interior da terra e rectificando-te encontrarás a pedra oculta" (Visita Interiorem Terrae Rectificandoque Invenies Ocultum Lapidem. Isto significa que temos procurar nas profundezas, por entre o conhecimento grosseiro da matéria, ao mesmo tempo que nos vamos purificando e melhorando, para que possamos encontrar a pedra oculta, Cristo, a sabedoria divina, o amor do Pai ou a Luz que perdemos na hipóstase de Sophia... Tal como os Titãs ou os Anjos Caídos...
Procurar a esmeralda de Satanael não é fazer um pacto com o diabo, é procurar aquilo que a lenda diz que ele perdeu: o caminho.