quinta-feira, julho 28, 2005

O mar


Sempre quis ser um peixe. Um peixe que nadasse perto da superfície, que era para poder ver o sol, mas um peixe-peixe. Um peixe escorregadio e luzidio, rápido a nadar e esperto a desviar-se das redes que por aí andam... Mas, acima de tudo, perder-me no mar, senti-lo à minha volta, dentro de mim, a atravessar-me, a ser todo o meu universo. E não pensar em nada. Não pensar: isto é bom? Sentir, sentir o mar, o sabor do sal na minha língua de peixe que não conheceria outro sabor, o toque fluido da água nas minhas escamas que não conheceriam o toque da brisa seca... Conhecer as correntes e os outros peixes. Dançar por entre as algas. E morrer lá fora, em terra, com a chuva a cair sobre o meu corpo-peixe, para lhe sentir o sabor pelo menos uma vez na vida.

3 comentários:

Lu disse...

Mas tu és peixe!
Até eu fiquei com vontade de ser peixe...

Lu disse...

Ai o mar o mar...

rafael disse...

que giro, eu sempre quis ser pescador