Há qualquer coisa de violento, há uma intensidade reprimida nas expressões dos que vão placidamente, de manhã, trabalhar... É uma coisa animal, uma coisa coisa que se derrama dos seus olhos e lhes crispa os músculos e os faz ter comportamentos incompreensíveis e turbulentos e caóticos e belos. Belos por serem como uma afirmação de que estamos aqui, agora, de que queremos mais do que isto, de que somos outros que não estes...
E eu, no meu universo cinzento, observo e sou observado, vejo a dor e sinto a dor, respiro a alegria visceral da revolta alheia, exalo, eu próprio, esse mesmo grito e sou uno com todos eles.
Como um só corpo caminhamos na mesma direcção, em nome dos mesmos princípios, num consenso a que chamamos o nosso mundo. Mas eu quero mais. Também há consenso na revolta. Porque não podemos caminhar juntos noutra direcção?
É preciso força para subjugar o outro, mas é preciso mais força para se submeter ao jugo, para resistir à agressão, para não ser destruído. E é uma força inteiramente diferente, mais essencial, mais desesperada... Os fracos são perigosos, são capazes de mobilizar mais força do que aquela usada para os enfraquecer. Os fracos são mais fortes...
Caminho sem hesitar, sonhando com a transformação.
1 comentário:
é realmente, cuidado com os fracos! digamos que se calhar não são fracos, têm outros meios...
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