quarta-feira, dezembro 21, 2005

o tempo que passa

Acordar com o sabor a maresia na boca, adormecer com sal nos cabelos, deixar dourar a pele sob o sol quente da manhã luminosa...
Olhar e o longe ser azul, inspirar o vento refrescante, brincar com a areia quente.

Acordar com o sabor das folhas caídas e adormecer a ouvir o vento que faz bater os estores, deixar os dias a diminuir enquanto passeamos pelos parques à luz dourada do entardecer...
Olhar e o longe ser névoa, ser longe-escuro.

Acordar e enrolar-se ainda mais nos cobertores, adormecer ao som da chuva que cai sem parar, sentir o frio a gelar os nós dos dedos das mãos enquanto corremos envoltos em casacos e gorros, luvas e cachecóis...
Olhar e não ver o longe, de estar tão longe.

Acordar. O cheiro inconfundível a pétalas, a flores, a encher a casa e o ar. Os pássaros que cantam como se descobrissem alguma coisa maravilhosa. Deixar a roupa quente em casa para ir passear à chuva miudinha que vai desaparecendo...
Olhar e o longe a ficar, de novo, azul-azul.

4 comentários:

Carlos Gouveia disse...

Acordar. Olhar. Os pássaros que cantam. Os pássaros...

O tempo que passa. Gosto das tuas descrições do tempo, descrições pintadas. Não escreves palavras, pintas nas palavras. Palavras de cor. Palavras de olhares.

Carlos Gouveia disse...

O longe. Não consigo tirar os olhos das cores do longe.

Anónimo disse...

que lindo. que delicioso de ler :)



Boas festas!

Lu disse...

o tempo que passa e que faz sentido. Hoje fui enterrar os pés na areia da praia e lembrei-me de ti...