quarta-feira, janeiro 14, 2009

Encontro

Estar deitado assim, sobre a relva molhada e a terra fria, é o mais profundo dos arrepios nas minhas costas nuas.

Os tons pálidos das nuvens, as cores vivas dos pinheiros ao fundo do campo, tudo me diz que esteve a chover.

Mergulhamos nessa sensação, nessa luxúria de aromas crus. Ficamos muito quietos deixando o frio invadir-nos, no mais delicioso dos abandonos.

Lentamente vou deixando de sentir o corpo, apenas fica na pele a impressão do teu calor, desenhada sobre mim.

Um clarão distante faz-nos cerrar o abraço. Quando rebenta o trovão começa a chover de novo. A chuva faz-se amante, intrometendo-se no nosso encontro. Olho para ti e choras chuva. Pousas a cabeça no meu peito e murmuras:
-Chhhhhh... Deixa-te ficar aqui.

Só o arrepio violento e as convulsões súbitas dos limites do corpo é que nos fazem romper o momento. Corremos nus pelo campo, em direcção ao carro.

Um dia destes deixamo-nos ficar...

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bom!=)