Um olhar lançado através do ar em direcção aos teus olhos. Já nos conhecemos. Num sonho dei-te a beber de um cálice de ibisco um néctar misterioso. Depois ergueste-te (pois estávamos sentados numa clareira) e segui-te até ao coração do bosque.
Chegámos àquele ponto em que tudo parece estar em vibração, onde todo o bosque fala, todo ele se faz sentir. Dali já não nos podíamos entranhar mais. Vi-te, com assombro, a deitares o teu corpo num tronco que te começou a envolver, a cercar de ramos, a cobrir de árvore. Logo desapareceste na árvore, como se todo o teu ser tivesse sido assimilado por ela. E fiquei só no bosque.
O sol poderia brilhar, mas ali não se via nada, só árvores, só raízes, só cheiro a musgo e a húmus. Sentei-me no tronco. Deixei pousar as mãos na casca macia e fria, húmida, onde tinhas desaparecido.
O toque era bom, as mãos gostaram, os dedos começaram a brincar, a esgaravatar, a entrar pela árvore adentro. Depois, foi tudo uma vertigem. O corpo lançou-se como um chicote e agarrou-se com força ao tronco, um vórtice. A boca mergulhou e não encontrou um tronco duro e sim uma piscina de orvalho fresco, uma boca suave e vegetal, um amor-perfeito. As mãos acharam na madeira um corpo subtil. O mundo virou-se ao contrário e encontrei-te na ilha do coração da árvore, só e à minha espera. O olhar atravessou o ar a cheirar a terra molhada, como uma intenção, e mergulhei em ti.
Chegámos àquele ponto em que tudo parece estar em vibração, onde todo o bosque fala, todo ele se faz sentir. Dali já não nos podíamos entranhar mais. Vi-te, com assombro, a deitares o teu corpo num tronco que te começou a envolver, a cercar de ramos, a cobrir de árvore. Logo desapareceste na árvore, como se todo o teu ser tivesse sido assimilado por ela. E fiquei só no bosque.
O sol poderia brilhar, mas ali não se via nada, só árvores, só raízes, só cheiro a musgo e a húmus. Sentei-me no tronco. Deixei pousar as mãos na casca macia e fria, húmida, onde tinhas desaparecido.
O toque era bom, as mãos gostaram, os dedos começaram a brincar, a esgaravatar, a entrar pela árvore adentro. Depois, foi tudo uma vertigem. O corpo lançou-se como um chicote e agarrou-se com força ao tronco, um vórtice. A boca mergulhou e não encontrou um tronco duro e sim uma piscina de orvalho fresco, uma boca suave e vegetal, um amor-perfeito. As mãos acharam na madeira um corpo subtil. O mundo virou-se ao contrário e encontrei-te na ilha do coração da árvore, só e à minha espera. O olhar atravessou o ar a cheirar a terra molhada, como uma intenção, e mergulhei em ti.