quarta-feira, abril 26, 2006

Insistência

Voltar atrás, inúmeras vezes, e fazer tudo de uma forma um bocadinho diferente e voltar atrás de novo, até que tudo seja aquilo que é.

Às vezes penso que preciso de viajar no tempo, outras sinto que viajo no tempo, que estou preso num ciclo fixo que se repete indefinidamente, que tudo é sempre o mesmo que é preciso procurar uma saída, que há algo que me está a escapar, algo de essencial para que o próximo ciclo se me possa apresentar. As respostas parecem estar em todos os tempos, menos agora.

Repito os mesmos erros, conscientemente, faço aquilo que já sei que não devia fazer, quase de propósito, como se não interessasse. Onde está a atenção? Já deixei passar mais uma saída, preso numa estrada que vai para onde não quero ir. E as saídas? Onde levarão?

Os ciclos são desgastantes e, quanto mais se repetem menos força tens para te libertares deles. Procuras agarrar algum ponto fixo, alguma referência. Começas a entontecer. E então olhas para baixo.

Lá em baixo tudo parece tranquilo. Lá em baixo, onde se desiste de tudo e se vive o caminho mais fácil, tudo parece em paz. Mas não é verdade. É uma ilusão, uma vertigem: lá em baixo dói.

Lá em baixo as pessoas gritam nas ruas a angústia que lhes atormenta os dias e choram nas esquinas a solidão do seu interior. Lá em baixo é o inferno da queda, de cores garridas e sentimentos violentos, com muito barulho e que acaba num instante, sem tréguas nem redenção.

Olhar à volta, procurar uma vez mais: o que é que é preciso para conseguir sair daqui?

«Como são infelizes! Agitam-se para a frente e para trás sem perceberem que são eles próprios a causa de todos os seus males.» Pitágoras

2 comentários:

Anónimo disse...

EXCELENTE

20 VALORES

Anónimo disse...

:)MARAVILHOSO!