segunda-feira, abril 10, 2006

-Oh... Não? Desculpa! Eu pensei que...

-Oh... Não? Desculpa! Eu pensei que... Esquece! Esquece! Tenho de me ir embora...
-Não fiques assim. Eu gosto imenso de ti. Respeito imenso as tuas opiniões e gosto imenso do teu sentido de humor. Fazes-me sentir bem. Mas não acho que haja entre nós esse tipo de energia, entendes?
-Por favor... Não faças isso. Não te desculpes. Não vês como isso é humilhante? Deixa-me em paz.
-Não quero que te vás embora assim. Não podemos ficar amigos?
-...
-Eu queria muito que ficássemos amigos.
-Não vês que quanto mais estivermos juntos pior será? Que a cabeça teima em não entender as palavras e em fazer de contas que o que o coração quer é possível? Que ao pé de ti vou sempre acreditar que é possível?
-Que é possível?
-Bolas! Não vês que não há uma solução pacífica? Que o amor não correspondido é uma violência constante? Que me aniquilarias lentamente? Que não haveria de sobrar nada de mim até toda a tua imensidão estar em mim? E para quê? Para que tortuosamente te fosse expurgando de mim, como uma doença? Amputando as partes de mim demasiado contagiadas? Até ficar apenas os restos, o que sobrasse de mim sem ti?
-Estás a exagerar um bocado não?
-Acho que não. Prefiro começar a fazer isso agora, prefiro impedir que o mal alastre, prefiro matar-te em mim agora.
-...
-Oh, eu sei! Não me entendes. Não consegues compreender. Vais pensar que se trata de uma vingançazinha qualquer, de uma teima de amor-ferido. Estar do teu lado é muito fácil. E muito irresponsável. Devia ser proibido andar por aí a dispensar ternura inconsequentemente. Será que as pessoas não percebem quando estão a escravizar os outros com o seu à-vontade afectuoso?
-Vou-me embora. Tenho pena que penses assim.
-O que nós queremos não é conciliável. Nunca vou deixar de sentir algo de muito especial por ti, mas não posso... Não dá.
-...

7 comentários:

Lu disse...

hummmmmm
É que parece um diálogo entre uma mulher e um homem. Sendo a mulher que diz por fim - "... Não dá"

Será?

Anónimo disse...

Eu sou bastante afectuosa, não tenho culpa, nem tenho de mudar por causa das carências afectivas dos outros...

Anónimo disse...

Pois é, isto acontece um bocado a toda a gente, acho eu!!

anoeee disse...

Falaste como uma verdadeira lilith! :)

O que é que acontece a toda a gente? O afecto sem segundas intenções? Ou a carência afectiva que aprisiona e de que fala a lilith?

Anónimo disse...

Obrigada, Anoeee :)

Se eu imaginar a realidade "regulável" em niveis, eu diria que temos a afectividade regulada no "nivel mais baixo" que é quase nenhuma. Por isto quando surge alguém um pouco mais afectivo porque realmente não consegue regular-se ao nivel dos outros, suscita sentimentos... E depois existe uma série de coisas menos felizes.
Imagina que ser afável é uma coisa natural. Imagina quanta felicidade :)

Páscoa Feliz :)

Anónimo disse...

o que acontece a toda a gente é esse desencontro de afectividades...

Anónimo disse...

acontece a toda a gente, ou a quase toda a gente, penso eu, apaixonar-se por alguem, amar alguem cuja doçura nos enlaça ainda mais no amor, apesar de não se ser correspondido. mesmo assim, amar alguém doce, não está nada mal.