As águas borbulhantes cintilavam com a luz de um dia de Primavera, deixavam-me perdido em serena contemplação, fluíam vagarosamente - meu rio prateado! - ao longo de margens floridas e insectos esvoaçantes, libélulas e borboletas, cores intensas que me faziam suspirar. Havia em tudo aquilo, em todas as cores e os cheiros que enchiam o ar, uma pureza que era intrínseca ao universo, que me tocava e me transformava por meio daquela paisagem luminosa, embora eu não me apercebesse disso, de tal modo me deixava leve o espírito e solta a mente.
Lá em baixo, à distância de um salto que se fazia demorar, a piscina natural de água doce e espessa, deliciosamente fresca e purificante, aguardava o mergulho. A pele estava quente do sol da tarde e ficava arrepiada só de antecipar o toque gélido da água, as mãos familiares de uma amante, o beijo fresco da vida. O ar perfumado fez-se sentir em todo o seu esplendor de pétalas e de rio, de tarde quente e de Primavera, de campo, de alegria.
O equilíbrio era precário sobre a rocha molhada, de pés descalços e tacteantes em busca de apoio para empurrarem o corpo pelo ar. Os braços nus dançavam em busca de estabilidade. Com um movimento seco e simultâneo, o corpo em prancha atravessou o espaço e foi recebido no meio aquático.
Houve uma explosão líquida, uma mudança de atmosfera que se fez decisiva. O meu corpo foi envolto em vapores líquidos e algas foram serpenteadas por sereias imaginárias à minha volta. E fiz-me rio, fiz-me água e por instantes pensei nunca mais voltar à tona.
Dentro de mim houve uma mudança, uma confusão de ideias, um regresso à origem. Dentro de mim algo foi renovado e ficou inteiro. Algo de indefinido e transitório, algo que esteve sempre lá e que não se diz com uma palavra, foi limpo e ficou brilhante. Algo cujo nome eu não conheço e a que, por isso, chamo de ser, de estar aqui, de estar presente enquanto a existência decorre. Algo a que chamo simplesmente espírito ou alma, eu ou mente, foi redimido. Foi esvaziado de toda a inquietação e de toda a angústia e depois preenchido de amor e compreensão.
Mas quando tu mergulhas comigo e nos perdemos um no outro aprendo a chamar-nos por um só nome e esqueço-me de mim. E quando emergi da água e não estavas ali, pensei que é a tua luz que ilumina o sol e que o faz tão brilhante, que é a tua tranquilidade que serena a água e a faz tão redentora, que é a tua alegria que faz os insectos voltearem e esvoaçarem em busca de néctar. Foi então que soube que não estava só no mundo e que te dei o nome de mulher.
Lá em baixo, à distância de um salto que se fazia demorar, a piscina natural de água doce e espessa, deliciosamente fresca e purificante, aguardava o mergulho. A pele estava quente do sol da tarde e ficava arrepiada só de antecipar o toque gélido da água, as mãos familiares de uma amante, o beijo fresco da vida. O ar perfumado fez-se sentir em todo o seu esplendor de pétalas e de rio, de tarde quente e de Primavera, de campo, de alegria.
O equilíbrio era precário sobre a rocha molhada, de pés descalços e tacteantes em busca de apoio para empurrarem o corpo pelo ar. Os braços nus dançavam em busca de estabilidade. Com um movimento seco e simultâneo, o corpo em prancha atravessou o espaço e foi recebido no meio aquático.
Houve uma explosão líquida, uma mudança de atmosfera que se fez decisiva. O meu corpo foi envolto em vapores líquidos e algas foram serpenteadas por sereias imaginárias à minha volta. E fiz-me rio, fiz-me água e por instantes pensei nunca mais voltar à tona.
Dentro de mim houve uma mudança, uma confusão de ideias, um regresso à origem. Dentro de mim algo foi renovado e ficou inteiro. Algo de indefinido e transitório, algo que esteve sempre lá e que não se diz com uma palavra, foi limpo e ficou brilhante. Algo cujo nome eu não conheço e a que, por isso, chamo de ser, de estar aqui, de estar presente enquanto a existência decorre. Algo a que chamo simplesmente espírito ou alma, eu ou mente, foi redimido. Foi esvaziado de toda a inquietação e de toda a angústia e depois preenchido de amor e compreensão.
Mas quando tu mergulhas comigo e nos perdemos um no outro aprendo a chamar-nos por um só nome e esqueço-me de mim. E quando emergi da água e não estavas ali, pensei que é a tua luz que ilumina o sol e que o faz tão brilhante, que é a tua tranquilidade que serena a água e a faz tão redentora, que é a tua alegria que faz os insectos voltearem e esvoaçarem em busca de néctar. Foi então que soube que não estava só no mundo e que te dei o nome de mulher.
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