quinta-feira, janeiro 05, 2006

O mar, o bosque

No teu rosto voltado para o mar, na tua respiração feita de fumo,
uma imensa tristeza, sem falar, uma distância dolorosa e sem rumo.
Damos as mãos perante a maré nevoenta e em nós há explosões silenciosas.
Damos as mãos na colina cinzenta e, em nós, tempestades tumultuosas
que envolvem as palavras e paixões, suspiros que nos tumultuam os corações,
despedidas que ficarão por fazer, bocas ansiosas que nunca se beijaram,
silêncios que morrem devagar, sem se ver, perdidos nas colinas que os abraçaram.

Às vezes um cheiro a pinheiro, a resina, que te abraça o corpo de húmus feito,
às vezes um sabor a musgo no teu peito que faz de ti bosque, faz-te árvore-menina.
Corremos descalços pela terra macia, corremos e perdemo-nos, o sangue nas veias
Os corpos e as árvores envoltos em teias que a paixão teceu com o luar na noite fria.
Quando chegarmos à clareira vou-me perder vou cair no teu olhar de alecrim
Vou abandonar tudo o resto e, então, morrer... Quando nos vierem procurar
apenas uma flor na terra, apenas uma sombra a esvoaçar...

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