Noite de Natal. O nevoeiro é tão espesso que nem consigo ver a estrada à minha frente. A serra de sintra acolhe-me com fantasmas nevoentos que se revelam pedras e árvores, arbustos e imaginação. De repente, no meio da chuva que cai persistente, vislumbro um grande cão preto parado junto à estrada. Só o vejo num momento, nem sei se não o imaginei também. Logo a seguir está um sapo grande e amarelo que se prepara para atravessar a estrada.
Lá em cima, junto à floresta encantada, a escuridão é imensa. Faz-me sentir em casa, com as grandes árvores que intuo na noite, o barulho da chuva à minha volta, as grandes pedras como entidades ancestrais que sempre ali tivessem estado... Faz-me sentir-me.
Num instante que se parece prolongar imensamente, há uma envolvência que me transforma.
Na descida, o nevoeiro tornou-se quase impossível, só vemos as coisas quando estamos em cima delas. Ao descer um pouco a chuva torna-se mais forte e o nevoeiro desaparece, como uma cortina que tivesse sido levantada. As cores aparecem agora claras e intensas, brilhantes. O grande sapo amarelo lá está, do outro lado da estrada. Desta vez vou ter com ele e toco-lhe, desvia-se devagar, como se não fosse nada. A dois passos dele, uma salamandra preta e amarela deixa-se estar à chuva.
No bosque a chuva cai como se quisesse dizer: aqui é Natal.
Lá em cima, junto à floresta encantada, a escuridão é imensa. Faz-me sentir em casa, com as grandes árvores que intuo na noite, o barulho da chuva à minha volta, as grandes pedras como entidades ancestrais que sempre ali tivessem estado... Faz-me sentir-me.
Num instante que se parece prolongar imensamente, há uma envolvência que me transforma.
Na descida, o nevoeiro tornou-se quase impossível, só vemos as coisas quando estamos em cima delas. Ao descer um pouco a chuva torna-se mais forte e o nevoeiro desaparece, como uma cortina que tivesse sido levantada. As cores aparecem agora claras e intensas, brilhantes. O grande sapo amarelo lá está, do outro lado da estrada. Desta vez vou ter com ele e toco-lhe, desvia-se devagar, como se não fosse nada. A dois passos dele, uma salamandra preta e amarela deixa-se estar à chuva.
No bosque a chuva cai como se quisesse dizer: aqui é Natal.